O Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais realizaram encontros em Espinosa e Porteirinha para desenvolver a linha de cuidado da doença de Chagas. Essa é uma etapa importante do Projeto IntegraChagas Brasil, coordenado pela Fiocruz e pela Universidade Federal do Ceará, com o objetivo de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento da doença de Chagas crônica. Os municípios norte-mineiros foram selecionados como parte dos cinco municípios prioritários para o projeto. A Fiocruz utilizará o Kit NAT Chagas, um teste diagnóstico molecular aprovado pela Anvisa, para viabilizar as ações. Os demais municípios participantes do projeto são: Iguatracy (Pernambuco), São Luiz de Montes Belos (Goiás) e São Desidério (Bahia).
Estima-se que menos de 10% dos casos da doença são diagnosticados em tempo oportuno, e que apenas 1% das pessoas recebem o tratamento adequado. Sem a garantia de acesso à saúde, após várias décadas de infecção, aproximadamente 30% das pessoas desenvolvem problemas cardiológicos e 10% têm distúrbios digestivos, neurológicos ou mistos.
A referência técnica em doença de Chagas na SRS Montes Claros, Nilce Almeida Lima Fagundes, explica que “a linha de cuidado inclui atendimento especializado. Daí a importância do trabalho conjunto do Ministério da Saúde com a SES-MG e municípios. Estamos juntos na implementação do IntegraChagas como colaboradores e apoiadores da iniciativa que traz um novo olhar para a doença”, observou Nilce.
PORTEIRINHA
Em Porteirinha, os trabalhos para a construção da linha de cuidado para a doença de Chagas foram implementados entre os dias 12 e 14 de julho, tendo iniciado com a realização de visita à comunidade rural de Paciência, que também possui quantidade expressiva de pessoas acometidas pela doença.
Clemência Pereira, de 48 anos, que mora em Paciência, contou que seu pai trabalhou na extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), combatendo o barbeiro, transmissor da doença de Chagas. “Em casa sempre convivemos com essa realidade da doença de Chagas. Meu pai acredito que morreu por conta da exposição ao veneno para matar os barbeiros e minha mãe faleceu por causa das complicações da doença. Fico emocionada em saber que esse projeto está chegando, porque hoje a gente não ouve falar da doença, mas o barbeiro está aí, e muitas pessoas podem ter a doença e não sabem”, declarou Clemência.
O secretário de Saúde de Porteirinha, Djalma Antunes Filho, garantiu que o município está comprometido com o controle e tratamento da doença de Chagas a partir da construção da linha de cuidado. “Sabemos que o desafio é grande, porque não temos nenhum modelo para seguir. Por conta disso, seremos o modelo para implementação do projeto no país, o que nos motiva a seguir em frente”, concluiu o secretário.