O Governo de Minas revelou dados alarmantes sobre a violência contra mulheres em 2023. De acordo com o painel online Business Intelligence, 38,1% das mulheres em Minas Gerais enfrentaram violência psicológica, enquanto 38,2% sofreram violência física. O total de vítimas atinge 578.432, com uma média de 400,58 casos por dia. Em Montes Claros, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) registrou 3.448 vítimas de violência física e 3.873 de violência psicológica. 

A violência psicológica abarca manipulação, humilhação, ameaças e controle coercitivo. De acordo com a delegada Karine Maia, da Delegacia da Mulher de Montes Claros, a introdução da lei do crime psicológico, artigo 147B do Código Penal, em 2021, trouxe uma mudança significativa: “se tornou algo palpável, porque antes ficava muito no abstrato”.

Maia considera o envolvimento das redes sociais, das campanhas, do congresso, das palestras, sala de aula, divulgações sobre o assunto, o mérito pelo aumento do número de denúncias mais visíveis. “Trabalhando 21 anos com violência diariamente contra a mulher, fica nítido que é falando e divulgando que os números aumentam. Por isso, é bom falar e divulgar”, explica.

A delegada alerta para a forma sutil da violência psicológica, pois o agressor manipula a vítima com comentários humilhantes e degradantes, aparentando ser brincadeira. “Essa abordagem subliminar visa isolar a vítima, minando sua autoestima e contribuindo para o aumento da violência. A mulher deve perceber que quando o relacionamento é perverso, é manipulador, ele é um relacionamento que faz mal e que se não houver mudanças a situação pode piorar e muito”, alerta. 

“Qualquer pessoa que souber de uma situação de violência psicológica pode denunciar, vai ser instaurado um procedimento para apurar. E se comprovado, o agressor pode sofrer processo penal que prevê pena de até dois anos e multa. Então, é preciso que as pessoas denunciem”, comenta a delegada sobre os crimes de violência psicológica. 
 
ACOLHIMENTO
Em MOC, existe ajuda disponível para mulheres que sofrem violência psicológica, no Centro de Referência de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (CRAM), na rua Av. Mestra Fininha, 715. 

“A violência psicológica consiste em um tipo de abuso em que o agressor manipula o emocional de suas vítimas. Para além da instabilidade imposta às vítimas, essa violência pode desencadear uma série de problemas psicológicos, como ansiedade, baixa autoestima e uma persistente sensação de dependência do agressor”, explica a psicóloga clínica, Gabrielle Ferreira Silva Lopes.

Segundo a psicóloga, a mulher enfrenta um dilema entre o amor e a busca pela liberdade, uma luta permeada por sentimentos e desejos de superação. “Mas a vítima deve saber que há Unidades de Assistência Social, Saúde e Delegacias de Polícia disponíveis como portas de entrada para a rede de proteção, ajustando-se à urgência ou gravidade da situação. Ela não está sozinha”, conclui.