Com informações do Jornal o Norte:
O uso racional de medicamentos e o papel do farmacêutico foram temas de uma palestra destinada a profissionais da região e a alunos do Centro Universitário Funorte, instituição pioneira no curso de Farmácia em Montes Claros, no Norte de Minas.
A farmacêutica e bioquímica Márcia Cristina Oliveira Alfenas, presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF-MG) e palestrante do encontro, destacou que o tema faz parte de uma campanha que tem o objetivo de sensibilizar e educar a população, pois o uso racional é tão importante quanto o medicamento. No que se refere às restrições medicamentosas encontradas em outros países, como, por exemplo, a Dipirona, que no Brasil é muito popular e acessível, ela reitera que cada lugar tem a sua legislação e suas peculiaridades sendo preciso respeitá-las, tanto os remédios de uso e controle exclusivo dos hospitais, como os demais, que estão ao alcance da população. “Ter uma ferramenta e não saber usar não faz sentido. Mesmo os medicamentos que não precisam de receita, não estão isentos de reações adversas, nem da orientação de forma adequada. É um direito da sociedade ter essa informação”, diz Márcia.
A farmacêutica citou que o profissional tem presença em todas as drogarias e não há desculpa para a população fazer uso sem a orientação do farmacêutico. Situações simples, como a troca de um medicamento por outro com mesmo efeito, passam pelo profissional, “que sabe quando isso pode ser feito e está legalmente autorizado a fazer a substituição consciente”, reitera a presidente do CRF-MG.
Outro ponto aparentemente trivial, de descartar um remédio, pode provocar danos nem sempre considerados pela população. Nesse aspecto, a farmacêutica pontua os principais problemas. “Os perigos são muitos. 1kg de medicamento pode contaminar litros e mais litros de água, se jogado no esgoto. Se jogado no lixo comum, contamina o lixo, traz risco de acidentes, animais podem se intoxicar, além de contaminar o solo. A atitude correta é esse medicamento voltar para onde foi comprado. Postos de saúde e farmácias estão credenciados para pegar esse lixo e dar a destinação correta. Tem empresas licenciadas para fazer essa destinação”, explicou.
No conjunto de atribuições do profissional, que se soma a outros ramos do setor de saúde, mas não restringe, a atuação é vasta. “Não é apenas orientar a tomar o remédio na hora certa, no tempo certo. Mas de como armazenar esse medicamento em casa, como cuidar dos filhos, dos idosos, como descartar de maneira consciente e com responsabilidade ambiental o medicamento que sobrou ou venceu, entre outros vários processos”, comentou Márcia Cristina.
CAMPO DE ATUAÇÃO
No campo das oportunidades, não é diferente. São mais de 140 possibilidades de atuação. Fernando Messias, egresso da Funorte, se especializou na área de assuntos regulatórios e constituiu uma empresa que foi a primeira na área de consultoria farmacêutica de Minas Gerais em licenciamento. Em 2016, prestou serviço para a Fiocruz e tem se destacado na área que escolheu. “É preciso sair da caixinha. Lá atrás, tive esse olhar para o setor regulatório quando não se falava nisso. A gente completa agora 12 anos desse sonho. Às vezes não pensamos que alguém do interior é capaz de chegar nesse lugar, mas todos vocês são capazes. Nós, farmacêuticos, temos um leque muito grande e temos que explorá-lo”, sugeriu.
Rodrigo Rodrigues da Conceição veio de São Francisco para estudar em Montes Claros. Aluno do quinto período, ele revela que o curso é exatamente como sonhava. “Pretendo atuar na área da farmácia clínica, mais voltada para o cuidado e ajuda com o uso racional e troca de medicamentos. Penso também em análises clínicas. As duas são boas opções”, diz.
Janine Kátia dos Santos, coordenadora do curso na Funorte, destaca que o evento cumpriu o seu propósito. “A campanha não tem classe social, não tem idade e é para abranger a todos, fornecendo aos nossos acadêmicos a oportunidade de atualização e conhecimento”.